Bell Hooks: Tudo sobre amor
- psipiettramaschio
- 5 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Recentemente, iniciei a leitura do livro Tudo sobre o amor: novas perspectivas da Bell Hooks. Uma leitura que eu recomendo porque as reflexões da autora são fantásticas e transformam a nossa visão sobre o amor.
Uma das reflexões que a Bell Hooks traz é que crescemos com a ideia de que a violência é um instrumento do amor e da aprendizagem. Um cuidador bate em uma criança porque diz que a ama, um homem bate em sua companheira porque diz que a ama. Mas, que amor é esse que carrega violência? Que amor é esse que causa sofrimento?
Um aspecto importante de ser compreendido é de que vivemos em um sistema capitalista que opera a partir de uma racionalidade neoliberal. Nessa perspectiva, nossas crenças, nossa subjetividade, nosso comportamento, nossos desejos e nossas relações são moldadas por essa racionalidade.
O que aprendemos dentro do núcleo familiar, na escola, nas relações, no trabalho, na faculdade e entre outros são frutos de um sistema que tem como seu pilar as relações de poder e dominação. Um sistema que compreende que a vida de alguns grupos valem menos do que a de outros grupos (homens, cis, brancos, ricos). Ou seja, o racismo, o machismo e misoginia, lgbtqiapn+fobia como alguns dos pilares desse sistema.
Se é um sistema que molda nossas crenças, consequentemente molda nossa concepção de amor. Nessa perspectiva, nossa concepção de amor parte de uma lógica em que devemos aceitar violências (verbais, psicológicas, físicas e sexuais) em nome do amor e respeito que temos a pessoa que nos agride.
Brilhantemente, Bell Hooks mostra que “amor e abuso não podem coexistir. Abuso e negligência são por definição opostos a cuidado”. Quando essas pessoas vítimas de violência buscam por ajuda é importante que não utilizemos de práticas, discursos e instrumentos que legitimem uma visão de que amor e violência podem coexistir. Além disso, nossas práticas, teorias e instrumentos não devem partir de uma visão que responsabiliza essas pessoas pelas violências das quais são vítimas.
Mais uma vez destaco a importância de repensar e reconstruir nossas práticas e teorias. Não só para um caminho mais ético como também mais humanizado.
Referências:
DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
HOOKS, B. Tudo sobre amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2018.
Piettra Maschio da Silva
CRP 06/189254




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